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Sobre o Projeto

Problema Científico




O agronegócio brasileiro tem tido resultados muito expressivos nos últimos anos, fazendo com que o país seja um grande produtor mundial de café, cana-de-açúcar, suco de laranja, carne bovina, tabaco, banana, aves, milho, abacaxi e carne suína. O agronegócio foi responsável por 23% do PIB em 2007, 42% das exportações e 37% dos empregos. Dentre os vários motivos responsáveis por estes resultados destacam-se:

    - Existência de recursos humanos profissionais e qualificados;
    - Oferta ambiental favorável;
    - Bom nível de desenvolvimento tecnológico; e
    - Baixos custos de produção.

Ressalta-se que, apesar dos bons índices atuais, há vários desafios que devem ser enfrentados para que o agronegócio nacional continue progredindo nos próximos anos, tais como:

    - Aumentar a produtividade dos principais cultivos agrícolas, através da incorporação do conhecimento tradicional ou da biotecnologia;
    - Expandir a fronteira agrícola existente no país, que é um diferencial em relação a outras regiões, como a Ásia, por exemplo;
    - Melhorar a infra-estrutura geral do país, tais como estradas, portos, armazéns e transportes;
    - Agregar valor à produção agrícola;
    - Reduzir a carga tributária;
    - Definir políticas públicas integradas e devidamente planejadas;
    - Estimar as safras com maior objetividade, precisão e antecipação; e
    - Ampliar a securitização rural.

Até alguns anos atrás, o desafio de adaptar a agricultura brasileira às mudanças climáticas talvez nem fosse colocado nesta lista ou, se estivesse, nem teria um lugar de destaque, por duas razões principais:

    - Havia outros desafios mais prementes; e
    - O conhecimento e a divulgação sobre as mudanças climáticas e seus impactos eram muito inferiores ao que é disponível e realizado atualmente.

Atualmente, entretanto, a situação é bem distinta, e a adaptação da agricultura às mudanças climáticas destaca-se dentre os desafios existentes para o desenvolvimento do agronegócio nacional, pelos seguintes motivos principais:

    - Possibilidade, cada vez maior, que o clima já esteja mudando e da forma mais drástica dentre as previstas, aumentando o risco de impactos negativos provocados pela inação;
    - Influência que as mudanças climáticas têm sobre todos os demais desafios existentes para o desenvolvimento do agronegócio nacional (citados na lista acima), elevando a complexidade de cada um deles e do agronegócio, como um todo;
    - O grande impacto que as mudanças climáticas poderão provocar numa agropecuária tropical, como a brasileira, nas avaliações feitas até então;
    - O longo tempo que pode ser necessário para desenvolver técnicas de adaptação e mitigação às mudanças climáticas;
    - Grande divulgação sobre o tema das mudanças climáticas, a partir de 2007, que deixou de ser um assunto restrito à área acadêmica e começou a fazer parte do cotidiano das pessoas e das pautas de discussões das políticas de desenvolvimento nacional e internacional.

A agropecuária pode assumir, na prática, um duplo papel no contexto das mudanças climáticas. Ela pode ser parte do problema, ao emitir quantidades significativas de gases de efeito estufa (GEE) no desenvolvimento de suas atividades, tais como o metano na pecuária ou o carbono no desflorestamento para abertura de novas áreas para pastagens ou culturas agrícolas. Mas pode, também, ser parte da solução. Dentre as várias soluções que podem ser adotadas com a finalidade principal de mitigar as emissões dos gases de efeito estufa (GEE) associadas às atividades antrópicas, a substituição dos combustíveis fósseis pelos renováveis (biocombustíveis) é uma das que possui um grande potencial de aplicação em larga escala, em um tempo relativamente curto, quando comparada com outras tecnologias existentes ou, ainda, em desenvolvimento.

O modo como o Brasil vem utilizando o álcool combustível em sua frota veicular a vários anos vem despertando o interesse de vários países em repetir experiência semelhante em seus territórios, abrindo, com isso, uma perspectiva propícia para aumento da exportação deste produto nos próximos anos. Internamente, tem se registrado, também, um aumento do interesse pelo álcool devido aos seguintes fatores principais:

    - Advento dos carros “flex-fuel”;
    - Aumento da frota nacional de veículos;
    - Elevação do preço do petróleo e seus derivados no mercado internacional; e
    - Preocupação crescente da população brasileira pelos possíveis impactos adversos das mudanças climáticas.

Estas condições, externas e internas, deverão provocar um aumento significativo da demanda de álcool nos próximos anos e, com isso, serão bastante favoráveis para uma expansão da área plantada com cana-de-açúcar no país, razão pela qual a adaptação do setor sucroalcooleiro às mudanças climáticas é prioritária para que ele continue colaborando para o desenvolvimento do país. Essa expansão, entretanto, deve ser devidamente planejada, pois, diferentemente de outras épocas na história do Brasil, não poderá ocorrer de qualquer forma, sem que sejam consideradas as condições ambientais, energéticas, econômicas, sociais, políticas, culturais, demográficas e de segurança alimentar e nutricional, diretamente associadas a ela. Uma expansão desordenada e mal planejada poderá ser desastrosa sob vários aspectos, principalmente se não for considerada a necessidade e a capacidade de adaptação do setor às mudanças climáticas, fazendo com que os impactos negativos superem os benefícios decorrentes do aumento da utilização do álcool combustível no Brasil e no mundo.

O grande desafio deste planejamento é que ele deve considerar, em conjunto, vários fatores relacionados diretamente à cultura da cana-de-açúcar, às tecnologias de produção de seus produtos principais (açúcar e álcool) e aos impactos diretamente associados ao seu desempenho (no meio-ambiente, na segurança alimentar e nutricional, na dinâmica demográfica e na saúde humana, dentre outros). Desse modo, para que seja possível estabelecer políticas públicas que favoreçam a adaptação do setor sucroalcooleiro às mudanças climáticas, considerando as suas grandes responsabilidades sociais, econômicas e ambientais nos próximos anos, o problema científico de interesse do Projeto é a elaboração de cenários de produção de etanol de cana-de-açúcar, e os impactos associados, nas próximas décadas, com base

    - Nos vários parâmetros envolvidos na produção de açúcar e álcool;
    - Na experiência acumulada no país no setor sucroalcooleiro, principalmente em São Paulo;
    - Na disponibilidade de recursos naturais;
    - No desenvolvimento das tecnologias agrícola e industrial; e
    - Na adoção de políticas relativas ao setor.

Logotipo do Programa Fapesp de Mudanças Climáticas Processo N.08/58160-5 | Período: 01/12/2010 a 30/11/2014