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08/11/2013

Difusão de tecnologia é entrave para mais plantio de cana melhorada

Por Giselle Soares


Difusão de Tecnologia


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A cana-de-açúcar é uma das principais culturas da economia brasileira. Atualmente, o Brasil responde por metade da produção mundial de açúcar, segundo o Ministério da Agricultura e as projeções para os próximos anos são positivas tanto para a produção de açúcar quanto para a de etanol. Uma das estratégias utilizadas para aumentar a produtividade da cultura é o melhoramento genético, que também pode auxiliar a superação de adversidades enfrentadas pelos produtores, como doenças, o estresse hídrico e as mudanças climáticas. Embora os programas de melhoramento tenham investido muito para o desenvolvimento de novas variedades, pequenos e médios produtores não fazem um planejamento para que seus canaviais sejam renovados geneticamente.

No sistema de inovação setorial, o setor sucroalcooleiro do Brasil possui instituições de melhoramento genético com grande representatividade, que foram responsáveis pelos principais avanços tecnológicos do setor nos últimos trinta anos, como o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), entre outras. Os pesquisadores Silvia Angélica Domingues de Carvalho e André Tosi Furtado, do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) enfatizam, em artigo publicado na revista Gestão & Conexões, que algumas dessas entidades representam grande parte da capacidade tecnológica do País em desenvolver e adaptar variedades de cana-de-açúcar às mudanças climáticas que também sejam mais produtivas, consumam menos insumos, sejam mais resistentes a pragas e mais apropriadas ao ciclo sazonal e suportem a mecanização.

Durante a pesquisa, Carvalho e Furtado verificaram que, apesar dos recursos tecnológicos existentes, existem limitações que devem ser superadas, como o tempo de colocação de uma variedade no mercado - em média quinze anos - as dificuldades na transmissão de conhecimento aos produtores e a falta de apoio do governo, entre outros. Carvalho explica que, apesar de o desenvolvimento de novas variedades ter um custo muito alto, uma muda de cana produz por até cinco anos. Então o custo é menor em comparação a outras variedades, como a soja e o milho, que são culturas anuais. “No caso de pequenos produtores, acaba pesando em função da necessidade da mecanização, da adubação, entre outros elementos e ele acaba utilizando uma variedade que já possui. Falta um planejamento para começar a construir viveiros com variedades novas e você poder multiplicá-lasar com um custo menor”, afirma a pesquisadora.

Uma outra dificuldade apontada no artigo é a difusão das tecnologias. Segundo Carvalho, os pequenos e médios produtores não fazem um planejamento para que seus canaviais sejam renovados com essas variedades. Ela afirma que existem programas do governo, como o Prorenova, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que financiam a renovação de canaviais, mas sem a necessidade de introdução de novas variedades. Com o financiamento, o produtor pode arcar com custos de mão-de-obra, de mecanização, entre outros, o que representa um problema em termos de tecnologia, pois acarreta em um índice de concentração varietal muito elevado. “Hoje, o governo oferece condições em que o risco fica todo com o produtor. Os programas de melhoramento precisam ter um trabalho de convencimento muito grande para que o produtor substitua a variedade que já possui por uma nova. Com pequenos e médios produtores essa dificuldade é ainda maior, pois eles não querem correr riscos, já que o governo não dá nenhuma garantia. Falta uma regulamentação que estruture melhor o setor e que encoraje o produtor a investir em novas variedades”, esclarece Carvalho.

Com relação às mudanças climáticas, Carvalho conta que falta divulgação dos possíveis cenários aos produtores. "Uma vez que eles tenham conhecimento desses cenários, das perspectivas de mudanças climáticas que estejam mais antenados à questão do zoneamento e que sejam desenvolvidas ferramentas de apoio que se tornem disponíveis dentro de sites que estejam no cotidiano dos produtores, como o Ministério da Agricultura e o portal Agritempo, talvez eles possam entender e aceitar apoiar iniciativas dos programas de melhoramento, pois, nesse caso, os recursos financeiros seriam direcionados a uma pesquisa cujos resultados virão somente a longo prazo", finalizou a pesquisadora.

Os pesquisadores Silvia Angélica Domingues de Carvalho e André Tosi Furtado integram o projeto temático Geração de cenários de produção de álcool como apoio para a formulação de políticas públicas aplicadas à adaptação do setor sucroalcooleiro nacional às mudanças climáticas (AlcScens). O AlcSens é financiado pela Fapesp no âmbito do Programa Fapesp de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).

Saiba mais:



Artigo
O Melhoramento Genético de Cana-de-Açúcar no Brasil e o Desafio das Mudanças Climáticas Globais Silvia Angélica Domingues de Carvalho, Andre Tosi Furtado






Fonte:Revista Comciência



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