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25/06/2014

Alimentos versus combustíveis

Flávia Gouveia


Segurança Alimentar


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A controvérsia sobre a ameaça do etanol à segurança alimentar repousa na ausência de clareza sobre se o aumento na produção de cana-de-açúcar para produção de etanol nos próximos anos irá competir com a produção de alimentos e se haverá deslocamento da criação de gado para áreas de florestas, como a Amazônia (implicando em desmatamento e redução da biodiversidade).

Para os críticos do bioetanol como solução energética sustentável, a expansão da lavoura canavieira no Brasil a partir das últimas décadas do século XX é responsável pela exclusão de outras culturas e coloca em risco a segurança alimentar. Para os defensores, a expansão da cana não leva necessariamente ao deslocamento de outras atividades agrícolas, pois, graças a importantes ganhos de produtividade, houve aumento tanto da produção de cana-de-açúcar quanto da produção de alimentos.

Os atores envolvidos nessa controvérsia parecem não questionar o fato de que a agroindústria de alimentos é fortemente dependente de petróleo, o que, de certa forma, corresponde a enxergar a disputa "etanol x alimentos" como uma disputa "cultura de cana para produção de etanol x culturas alimentares altamente dependentes de derivados de petróleo" (ou ainda "etanol x derivados de petróleo").

O ponto que eu gostaria de levantar aqui deriva de uma reflexão que fiz ao ler um artigo de Esther Vivas no portal EcoDebate. Ela inicia o texto dizendo "comemos petróleo", e levanta uma série de informações sobre a agroindústria alimentar que fornece o que consumimos.

A dependência do petróleo nas cadeias de alimentos tem diversas naturezas e inclui desde o maquinário agrícola (tratores, ceifeiras-debulhadoras, caminhões, sobretudo em grandes plantações e monoculturas) até as sacolas plásticas que usamos para acondicionar as compras nos supermercados e o automóvel que utilizamos para ir às compras, passando pelo uso de inúmeros artefatos e embalagens de plástico, e o uso intensivo de adubos e pesticidas químicos derivados do petróleo. Além disso, considere-se que os alimentos percorrem longas distâncias desde onde são cultivados até o lugar em que são consumidos.

Os elementos que trago neste post abrem ainda mais a controvérsia sobre segurança alimentar, considerando-se a pegada energética das cadeias de produção de alimentos e da cadeia de produção do bioetanol (ver post sobre máquinas movidas a etanol). O conceito de sustentabilidade talvez seja algo a ser discutido em termos relativos, comparando-se as cadeias de produção, distribuição, consumo e pós-consumo de diferentes combustíveis e assim tentando-se avaliar qual seria o "mais sustentável", ou o "menos insustentável".


Fonte:Blog Remoenda



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