Iniciativas relacionadas à mecanização da produção canavieira visam enfrentar tempos de crise
Flávia GouveiaEnquanto o setor sucroenergético clama em coro pelo reequilíbrio nos preços dos combustíveis, iniciativas para reduzir o custo e melhorar o desempenho de máquinas e equipamentos para o setor sucroenergético foram promovidas no 16º Seminário de Mecanização e Produção de Cana-de-Açúcar, realizado em Ribeirão Preto pelo Grupo IDEA nos dias 26 e 27 de março. Destacaram-se temas como a prática de minirreformas de máquinas ao longo do ciclo canavieiro, manutenção automotiva eficaz, tipos de pneus mais adequados à atividade, espaçamentos das linhas de plantio, uso da agricultura de precisão e de tecnologias de informação, impactos de impurezas vegetais no transporte e na qualidade da matéria-prima e aproveitamento da biomassa.
Para falar das novidades em mecanização vindas da Austrália e dos desafios futuros para o plantio e a colheita da cana-de-açúcar, o Seminário convidou David Cox, proprietário da empresa Davco Farming. No Seminário, discutiram-se também aspectos legais e impactos relacionados com a “Lei da Balança”, isto é, um conjunto de artigos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) que normatiza o transporte rodoviário sobretudo quanto às dimensões e capacidades máximas de carregamentos dos veículos.
TICs nas lavouras
Diante das variações climáticas, tornaram-se ainda mais úteis nas lavouras as informações obtidas, processadas e trocadas por meio de tecnologias de informação e comunicação. Algumas dessas tecnologias e produtos em que vão embarcadas foram apresentadas no Seminário, como as das empresas Case IH, John Deere e Massey Ferguson. O grande motivador é a redução de custos e o aumento de produtividade.
De acordo com Everton Fim, especialista de marketing de tratores da Case IH, 54% do custo de uma colhedora de cana, em um ciclo, correspondem a mão-de-obra e consumo de combustível. “A agricultura de precisão permite reduzir esse custo, minimizando a compactação dos terrenos, aumentando a longevidade das soqueiras, reduzindo impurezas e perdas e melhorando o tráfego nos sistemas de cultivo”, aponta Fim. A agricultura de precisão parte de dados específicos de áreas geograficamente referenciadas, que fundamentam a implantação do processo de automação agrícola.
No Brasil, estima-se que mais da metade dos produtores ainda não adotaram a agricultura de precisão, conforme o gráfico apresentado por Samir Fagundes, coordenador de marketing da empresa norte-americana New Holland no Brasil, durante o 16º Seminário de Mecanização.
Gráfico Agricultura de Precisão
Em sua palestra no Seminário, Fagundes abordou os pilares da agricultura de precisão: tecnologia, hardware, software, sinais de correção (para controle de tráfego), conhecimento e operação. A utilização do sistema de controle eletrônico revela-se vantajosa para o agricultor, pois “permite a extração de mapas onde é possível analisar informações como quantidade de adubo aplicado em cada talhão, velocidade de trabalho, rendimento operacional, operador/área etc”, explicou Fagundes.
A tecnologia Fuse desenvolvida pelo Grupo AGCO, detentor das marcas Valtra e Massey Ferguson, permite integrar todos os ativos do produtor de cana. “O resultado são rendimentos mais altos, menores custos e maiores lucros”, apontou Niumar Dutra Aurélio, coordenador de marketing de soluções em tecnologia avançada Massey Ferguson.
Mostra e Prêmio de Produtividade
Junto ao Seminário realizou-se a 4ª Mostra de Máquinas e Equipamentos Agrícolas, em que foram apresentadas novidades do setor ao público participante. O evento realizou ainda a entrega do Prêmio Usinas Campeãs de Produtividade Agrícola na Safra 2013/2014, promovido pelo Grupo IDEA e pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). A construção do ranking baseia-se em critérios como moagem mínima de 600 mil toneladas, total de safras realizadas, produtividade, cana plantada e Índice IDEA de 200 unidades sucroenergéticas. O índice é calculado pela seguinte fórmula: TCH (ATR x 0,67) + (IDADE MÉDIA x 10), sendo TCH o número de toneladas de cana-de-açúcar por hectare e ATR a quantidade em quilogramas de açúcar total recuperável. A vencedora nacional foi a usina Guaíra (Guaíra/SP), com 236,29 pontos, seguida pela usina São Martinho (Pradópolis/SP), com pontuação de 235,37.
Fonte:AlcScens