José Eli da Veiga fala sobre desenvolvimento sustentável

Desenvolvimento Sustentável

Foto: Antoninho Perri

A consciência de que os problemas ambientais poderiam trazer implicações para o desenvolvimento remonta aos anos 1960, embora algumas décadas antes já houvesse referência ao tema. Naquela época, o debate era polarizado por duas correntes de pensamento: uma que associava desenvolvimento com crescimento econômico e outra que entendia que desenvolvimento também pressupunha avanços em áreas como educação, saúde e liberdades individuais. O resgate foi feito na manhã desta sexta-feira (21) pelo O professor José Eli da Veiga, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP). Ele veio à Unicamp para proferir uma palestra a convite do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) do Instituto de Geociências (IG).

A temática da conferência de Veiga foi justamente “Desenvolvimento Sustentável”.  De acordo com ele, durante muito tempo esse conceito foi utilizado por um círculo muito restrito de cientistas, notadamente os que pertenciam aos campos da engenharia de pesca e engenharia ambiental. A ideia, segundo ele, era relativamente simples: quanto é possível retirar de recursos naturais, sem comprometê-los no futuro? “Os cálculos acerca do equilíbrio do ecossistema são complexos e os resultados nem sempre podem ser precisados, mas o princípio da ideia não é complicado”, disse.

Posteriormente, conforme o docente da USP, o conceito passou a ser empregado por outras áreas da ciência. Em 1972, a ONU também se apropriou dele por ocasião da Conferência de Estocolmo. “Naquele mesmo ano foi criado PNUMA [Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente], que promoveu um simpósio no México. Ao final do evento foi elaborado um documento que fazia referência ao ecodesenvolvimento, que vem a ser o desenvolvimento sustentável de hoje”, contextualizou.

Em sua fala, Veiga também fez questão de fazer uma distinção entre desenvolvimento sustentável e sustentabilidade. No entender do professor, o primeiro conceito vem sendo objeto de reflexão há pelo menos 40 anos. Ademais, ele encerra o princípio de responsabilidade, segundo o qual as futuras gerações devem ter pelo menos as mesmas oportunidades que a atual. Portanto, tem história. “Já a sustentabilidade é um termo que foi banalizado. Atualmente, quase todas as áreas a utilizam, das mais variadas maneiras. Outro dia eu vi uma publicidade num jornal que falava sobre um banco, desses de madeira, cujo texto todo girava em torno da sustentabilidade. Eu fiquei com muitas dúvidas. Ainda não sei se o fabricante queria se referir à capacidade do objeto de sustentar grandes pesos”, contou, arrancando gargalhadas do público.