cabecalho do site para ser visualizado computador cabecalho do site para ser visualizado no celular
Pesquisar no site do Alcscens

Notícias


19/12/2013

Cana migra para o Centro-Oeste e pode substituir culturas alimentares

Giselle Soares


Pesquisa


vivian1.jpg

  • Tamanho da Fonte:
  • Diminuir fonte
  • Fonte normal
  • Aumentar fonte

O estado de São Paulo, atualmente o maior produtor de cana-de-açúcar no país, já não possui terras suficientes para cultivo. A solução encontrada pelas usinas e produtores foi a migração para a região Centro-Oeste, que pode estar provocando redução de áreas destinadas a culturas alimentares, como arroz e feijão, além de deslocamentos da pecuária bovina para outras regiões do Brasil. As informações são da tese de Vivian Helena Capacle Correa, doutora em economia pelo Instituto de Economia da Unicamp. De acordo com a pesquisadora, a região Centro-Oeste se transformou em um grande produtor de commodities agrícolas, com destaque para as culturas de soja, milho e para um novo produto em expansão: a cana-de-açúcar.

Para constatar a substituição de culturas alimentares, como arroz e feijão, pelas outras culturas em expansão nos anos de 1995 e 2006, Capacle utilizou o método Efeito Substituição – que avalia o impacto da troca de preços - e de acordo com dados dos Censos Agropecuários. “Pude constatar que, do total da área agricultável na região, a cana-de-açúcar substituiu cerca de 290 mil hectares que antes eram destinados a outras culturas. As áreas de pastagem natural tiveram mais de quatro milhões de hectares substituídos; o arroz, cerca de 370 mil hectares e o feijão, cerca de sete mil hectares, isso quer dizer que essas áreas foram utilizadas para outros fins”, explica a pesquisadora . Ela destaca, todavia, que a análise não indica qual cultura foi substituída e por qual, apenas aponta as alterações na área agricultável total. No caso da pecuária bovina, Capacle afirma que muitos pecuaristas estão migrando a atividade para áreas mais remotas, como o norte de Mato Grosso e o Pará - que estão sob forte influência do bioma Amazônia – e dando lugar à cana-de-açúcar.

O trabalho de campo incluiu a identificação dos principais municípios das três culturas analisadas na tese (cana-de-açúcar, pecuária bovina e soja). Após esse levantamento, a pesquisadora passou a contatar produtores, usinas e órgãos de governos estaduais de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, além de algumas entidades municipais ou instituições representativas de classe para a realização das entrevistas. De acordo com ela, esse processo durou um ano e muitos dos possíveis entrevistados se recusaram a participar ou não retornaram o contato, dificultando a pesquisa.

Segundo Capacle, o trabalho de campo permitiu observar um consenso sobre o papel da fronteira agrícola para a sociedade. “Se a vocação do Centro-Oeste é produzir alimentos para um mundo faminto, por que não o fazer na fartura de pastos e de áreas para lavoura?”, indaga. A pesquisa a permitiu observar também que, para muitos municípios, a expansão da produção agropecuária sobre os limites municipais e regionais foi a solução para a reversão do quadro de pobreza social e econômica. No entanto, a questão ambiental e os efeitos para as gerações futuras têm sido negligenciados, sendo minimizadas questões como a degradação ambiental e o desmatamento de áreas dos biomas Cerrado, Pantanal e Amazônia, que estão relacionadas ao modelo expansivo da produção agropecuária.

“O problema existente nessa dinâmica da produção agropecuária no Centro-Oeste consiste em como equacionar o dilema entre o crescimento da produção, o desenvolvimento e a preservação dos biomas. Parece consenso que parte desta discussão está resolvida pela legislação ambiental, por meio dos dispositivos do Código Florestal, pela fixação dos limites mínimos de reserva legal e pela lei de Crimes Ambientais”, finaliza a pesquisadora.

A tese “O desenvolvimento e a expansão recente da produção agropecuária no Centro-Oeste”, de Vivian Helena Capacle Correa, escrita sob orientação do professor Walter Belik, do Instituto de Economia da Unicamp, pode ser lida no site do projeto AlcSens:



Fonte:Comciência



comments powered by Disqus
Logotipo do Programa Fapesp de Mudanças Climáticas Processo N.08/58160-5 | Período: 01/12/2010 a 30/11/2014