São Paulo sedia primeira Conferência de Mudanças Climáticas Globais
Por Giselle Soares Desde o estabelecimento do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), em 1988, pela Organização Meteorológica Mundial e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) , o termo "mudanças climáticas", antes inexpressivo para grande parte da população, passou a integrar discussões cotidianas e a ganhar espaço nos noticiários. Em 2008, foi criado o Programa Fapesp de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) e, com objetivo de debater os resultados dessa iniciativa, além de projetos da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), foi realizada, em São Paulo, de 9 a 13 de setembro, a 1 a Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais (Conclima).
Durante o evento, pesquisadores integrantes do projeto AlcSens - geração de cenários de produção de álcool como apoio para a formulação de políticas públicas aplicadas à adaptação do setor sucroalcooleiro nacional às mudanças climáticas - apresentaram pôsteres e os resultados obtidos até agora com o a iniciativa.
Coordenado pelo professor Jurandir Zullo Junior, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, o AlcSens é um projeto temático que integra o PFPMCG da Fapesp e tem como objetivo colaborar para adaptação do setor sucroalcooleiro às mudanças climáticas, uma vez que o Brasil é o maior produtor mundial de etanol de cana-de-açúcar e o estado de São Paulo responde por 60% da produção nacional e 25% da mundial.
O AlcSens é constituído de dez núcleos de pesquisadores de várias áreas do conhecimento, como climatologia, dinâmica demográfica, segurança alimentar e nutricional, divulgação científica, políticas públicas, geoprocessamento, meio-ambiente, saúde humana e desenvolvimento científico e tecnológico, que estudam a adaptação da produção da cana-de-açúcar, às mudanças climáticas.
Em sua apresentação na Conclima, Zullo Jr. falou sobre o histórico do projeto e o andamento das pesquisas realizadas pelos núcleos que integram a iniciativa. Segundo ele, as motivações para o projeto surgiram em 2001, com o Programa de Zoneamento Agrícola de Riscos Climáticos, ligado ao Ministério da Agricultura, iniciado em 1996. Este tem como objetivo a minimização dos riscos climáticos, permitindo a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares.
O elevado índice de concentração varietal é uma das principais dificuldades apontadas pelo pesquisador para implementar políticas de inovação no setor sucroalcooleiro. De acordo com Zullo Jr., quatro variedades da década de 1980 representam mais 50% da área cultivada de cana no Brasil, o que pode aumentar a susceptibilidade da produção ao clima, a pragas e a doenças. Apesar das adversidades no cultivo da cana-de-açúcar, alguns avanços são perceptíveis, como o crescimento da produção e o aumento da produtividade nos últimos trinta anos.
A apresentação do professor Jurandir Zullo Junior na 1a. Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais pode ser acessada no link:
http://www.fapesp.br/eventos/2013/09/conclima/12/Jurandir_Zullo.pdf.
Outras informações sobre as pesquisas desenvolvidas pelo AlcSens estão disponíveis na publicação Regiões Canavieiras: por dentro do estado de São Paulo.
Fonte:Comciência